Frigorífico Carne Metro-Cammell EFSJ
Um vagão frigorifico consiste em um fechado construído para transportar cargas perecíveis a uma temperatura especifica. Ele difere de vagões simplesmente isolados (como os ICR da Fepasa) ou mesmo de vagões ventilados (os populares “fruteiros” da EFSJ e CP) pela capacidade de transportar junto com a carga uma solução de água e sal congelada chamada de “brine”.
As cargas, no caso do frigorifico em questão, carne eram carregadas já refrigeradas e a solução salina degelando causava um fluxo descendente de ar frio, auxiliando a retardar o ganho de temperatura da carga e permitindo que fosse transportada dentro dos parâmetros necessários até seu destino.
Cada momento e cada ferrovia apresenta regulamentos diferentes, mas via de regra trens fruteiros, isolados e frigoríficos circulavam com grande prioridade sobre a maioria dos demais trens, de forma a tornar seu translado o mais breve possível. Motivação inclusive deste tipo de vagões possuir uma pintura diferenciada, de forma que pudessem ser identificados pelos despachadores e manobradores de maneira simples e ágil, evitando erros na formação de trens.
Frigo Metro Cammel em pintura possível com o jogo de decalques que o acompanha.
O vagão em questão pertenceu à São Paulo Railway, tendo sido encomendado junto à Metro Cammel Carriage Wagon & Finance Co. Ltd. através dos representantes Fox & Mayo em 1929. A encomenda consistiu em 20 (?) unidades, serie WR/1 numeração 15001 a 15020.
Documentação do departamento das oficinas da EFSJ aponta que os vagões entraram em circulação em 1930, possuindo ainda truques tipo diamante, rodas estreladas com mancais sólidos, freio a vácuo e engates tipo gancho e corrente, padrão vigente na bitola larga paulista àquele momento.
Posteriormente, provavelmente com a RFFSA em 1957, os vagões passaram por remarcações sendo classificados como ID, numeração 850 a 868, tendo essa sido alterada mais uma vez para 1420 a 1438. Assim como a numeração, o vagão também sofreu atualizações durante a sua vida útil, tendo recebido truques de chapa rebitada “Twinberrow” estes com rodas de 33”, freio a ar comprimido automático “Westinghouse” e engates automáticos contorno Alliance.
É nesta última fase que se concentram a maioria dos registros conhecidos deste vagão, de forma a ter sido a escolhida pela Marumbi Modelismo para ser representada pelo modelo que disponibilizamos.
Frigorifico RFFSA EFSJ ID 1434 em Campinas/SP, foto de Fabio Dardes em 1975. Col. Rafael Correa.
Uma sugestão de trem para montar com os Frigos Metro Cammel EFSJ da Marumbi Modelismo é de 5 a 7 unidades é o trem que seguia para Barretos/SP. Pode-se montar somente os Frigos mais um vagão de folha de flandres (futuro lançamento Marumbi) ou adicionar a eles 7 ou 8 fruteiros entre os CP que existem no mercado (Mascarini ou Taison) e EFSJ que eram atrelados em Bebedouro/SP. Ainda é possível ter um breque CP (Mascarini ou Taison). Este trem era chamado de “DF” Direto Fruteiro/Frigorifico, iniciando sua jornada com uma RSC3 (Frateschi) e percorrendo toda malha da Paulista trocando tração entre as mais variadas locomotivas disponíveis no momento. (V8 e Vandeca Frateschi, elétricas diversas do Mascarini, etc...)
Frigos e Flandres EFSJ e CP (nesse momento RFFSA e Fepasa) em Barretos, em Ago/76. Fotos Guido Motta, acervo de Rafael Correa.
Na EFSJ no pátio de Pari (SP) ocorria a descarga de alguns dos fruteiros, sendo o destino final do restante da composição a Mooca, tendo essa última perna geralmente feita por uma Lambreta da EFSJ (GE 70t).O Flandres prosseguia com vagões de carne e suco de laranja (isolados) até Santos, aonde carregava as chapas importadas necessárias para fabricação de latas. Outros fluxos possíveis são as plantas da Nestlé que ficavam localizadas em Araras e Araraquara, seguindo um procedimento operacional semelhante.