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Gôndola Drop Bottom GFC Santa Matilde

GÔNDOLAS BITOLA MÉTRICA:

As Gondolas Drop Bottom.
 

O transporte de material a granel sempre mostrou-se desafiador para as ferrovias. O vagão gondola é uma especialização neste sentido. Suas origens no Brasil remontam ao início das ferrovias. Usualmente as companhias adaptavam pequenos pontaletes e ripamentos nos fueiros dos vagões plataformas edificaram uma borda ao vagão. Motivo este pelo qual muitas dessas companhias não utilizava o termo gondola, mas sim “borda” para esse tipo de vagão até os anos 1960/1970.
 

Obviamente esse vagão não era muito apreciado pelas ferroviários e clientes por demandar demasiado trabalho (e tempo parado) para ser descarregado, uma vez que toda carga deveria ser erguida através das bordas e lançada para fora do vagão com pás.  Uma tentativa de solucionar esse flagelo foram os vagões com bordas tombantes, isto é, vagões gondola cujas laterais podem ser abertas e posicionadas para baixo da cota do piso do vagão. Os modelos mais comuns desse tipo de vagão sem dúvida foram os 4 modelos de GTQ da bitola larga paulista e na bitola métrica o GTB fabricado pela FNV para diversas ferrovias e modelos posteriores GTC e GTD, fabricados inteiramente em metal, para RFFSA e Fepasa. O problema da descarga, contudo, ainda não estava inteiramente solucionado.

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Vagão Gondola Drop Bottom após término da descarga por gravidade. O restante do material, no caso lastro, deve ser descarregado manualmente com auxílio de pás e enxadas.  Acervo: APFMF Curitiba.

O desenvolvimento da siderurgia de aços laminados e da indústria ferroviária nacional nos anos 50 possibilitou que fabricassemos em território nacional vagões mais complexos que genéricos fechados e pranchas. A indústria começa a disponibilizar vagões com o sistema Drop-bottom. Isto é, alçapões instalados ao piso do gondola que permitem abertura no local de destino da carga e permite que sua descarga seja feita por gravidade, e apenas auxiliada por pás.

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Parte do projeto mecânico de uma Gondola Drop Bottom, acervo MPF Sorocabana

Exemplo de uma gondola com portas Drop Bottom, onde podemos ver sua posição em aberto. A porta da esquerda, que representa a das extremidades do vagão, abre menos por limitação de gabarito dos truques. A da direita representa as portas centrais, que abrem em ângulo muito maior proporcionando uma descarga mais agil. Essa é uma limitação do conceito drop bottom.

Uma nova conjuntura econômica brasileira, de industrialização também assegura a produção interna perene (e sua demanda por transporte) e permite que as ferrovias comecem a especializar sua frota. Vagões gondola de bordas fixas agora são necessários para transporte não apenas de material a granel como lastro, enxofre, bauxita (matéria prima principal do alumínio) e minério de ferro, mas também de tubos, perfis metálicos, manilhas, carvão mineral nacional e importado.

Santa Mathilde 1957, o pioneiro. 

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A Companhia Industrial Santa Mathilde responde a essa demanda com o vagão gondola Drop Bottom de 60t, um clássico dessa geração, que hoje chamamos de GFC pela nomenclatura ABNT.

Um sucesso para a época, sendo confirmadas pelo menos 520 unidades construídas desta tipologia para as mais diversas ferrovias como Leopoldina, Central do Brasil (métrica), Paraná-Santa Catarina, Sorocabana, Mogiana e posteriormente para a Noroeste do Brasil. 

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De dimensões bastante modestas, podia trafegar com facilidade em qualquer ferrovia de bitola métrica do país. Seus diferenciais eram piso todo em chapa metálica, freio automático a ar comprimido (Wabco), aparelho de choque e tração “Peerless” e engates “Alliance no. 2”. Originalmente todos os GFC Santa Mathilde de 1957/8 foram construidos com freio manual modelo de “postinho” e  truques Self Allign ou Ride Control A-3 dotados de mancais de rolamento “caixa-quente” com tampas de mola. 

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Vista de um GFC ainda na numeração RFFSA anterior ao SIGO, onde podemos observar os truques de mancal de rolamento ainda originais com tampa de mola.

A carga de toretes deste trem destinava-se à Klabin do Paraná.

Santa Mathilde modernizado 1970

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Conforme a indústria ferroviária evoluiu e alguns padrões de equipamento foram sendo adotados tanto pela RFFSA como pela Fepasa, em um esforço mútuo de racionalização e intercâmbio, diversos vagões desta série passaram por modernizações. As mais notáveis são a troca do freio manual direto “de postinho” pelo freio manual de catraca, mais leve e seguro de operar. Essa modificação foi feita em praticamente toda frota da Fepasa e em algumas unidades dos vagões da RFFSA. 

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Comparativo entre sistemas de acionamento de freio manual. A esquerda o freio tipo poste em foto de Davi Boçon e a direita de catraca, em foto de Diego Bini.

E a troca dos mancais de rolamento por rolamentos de cartucho “encartuchamento”, buscando ampliar o ciclo de manutenção dos vagões e extinguir a necessidade de controle e abastecimento da lubrificação das boinas do mancais. Nesse critério a RFFSA modernizou todos os vagões que tivemos acesso a fotos de antes da privatização, enquanto na Fepasa ainda permaneceram alguns (poucos) com mancal de caixa quente até o fim.  Entendendo a necessidade do modelista a Marumbi Modelismo oferece dois modelos desta gondola, a versão original de 1957 com tampas de mancal fechadas e freio manual de postinho (link), bem como a modernizada “1970s” que vem com truques encartuchados e freio manual de catraca. (link)

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Exemplar típico da versão modernizada, já com freio de catraca e rolamento encartuchado. Foto Fábio Dardes, anos 80. 

O uso das gondolas drop bottom se demonstrou tão interessante para as ferrovias proprietárias que todas que possuíam as Santa Mathilde 1957 (GFC) adquiriram posteriormente vagões do mesmo tipo de maior capacidade, como iremos abordar na Masterclass das gondolas GFD e GPD. Mesmo após 40 ou mais anos de serviço na ocorrência da privatização, entre 1997 e 1999, dezenas desses vagões ainda estavam na ativa ou tinham condições de reforma. A Ferrovia Sul Atlântico, Ferroban,  Novoeste e a Ferrovia Centro Atlântica receberam vagões deste modelo e muitos deles operaram por até mais 15 anos em trens secundários ou de manutenção de via permanente, conforme iremos abordar mais adiante. 

Modelismo:

Pinturas:

A Marumbi Modelismo começou a oferecer decais para seus vagões, E abaixo vamos demonstrar as principais pinturas possíveis de fazer em cada um dos vagões. 

Cia Mogiana de Estradas de Ferro.

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Crop de foto de Sérgio Martire, trem de lastro na construção da ligação Paulínia- Boa Vista em 1972.

Para essa pintura recomendamos o modelo original, 1957.

Na Mogiana foram usados principalmente no fluxo de bauxita proveniente de Minas Gerais para a CBA em Alumínio/SP. Notável uso no lastro, consolidando vias permanentes num período de grande renovaçao da malha da Mogiana e início da Fepasa (conforme foto). Seu uso se dava por toda malha, juntamente das gondolas tombantes. 

Estrada de Ferro Sorocabana.

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Na Sorocabana as gondolas tiveram uso generalizado por toda malha, como nessa foto com trem de carga geral, juntamente de uma gondola tombante. Destaque especial para estas fotos de Santa Matildes operando no Tronco Sul nas proximidades do Rio Grande do Sul, bem longe da Sorocabana. Isso demonstra a versatilidade e abrangência de uso desse vagões por toda malha nacional nos anos 1960 e 1970. 

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Para essa pintura recomendamos o modelo original, 1957.

Ferrovia Paulista S/A.

Versão fepasa “fase 1”

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Vagão GFC ainda com a inscrição “fepasa” em 1997, foto de Diego Bini em Iperó.

Para essa pintura recomendamos tanto o modelo original, 1957 quanto o modelo modernizado, 1970s. Cabe ao modelista analisar caso a caso o vagão que quer modelar.

Versão fepasa “fase 2”

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Vagão GFC da Fepasa já modernizado, foto de Fábio Dardes.

Para essa pintura recomendamos o modelo modernizado, 1970s.

 

Até onde temos conhecimento, nenhum GFC recebeu a pintura cinza da Fepasa.

Rede Ferroviária Federal S/A (genérico, diversas regionais)

Versão RFFSA Divisão Operacional (1957 - 1984)

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Pintura original das gondolas, ainda sem o logotipo da RFFSA que viria a ser aplicado somente no início dos anos 1970.

Observar que a gondola drop bottom está junto de diversas outras tombantes. Foto José Petroski / Correio dos Ferroviários.

Para essa pintura recomendamos o modelo original, 1957.

Versão RFFSA pós SIGO (1984-1994)

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GFC nos anos 80 com pintura com o logotipo da RFFSA e o quadro de revisão (retangulos coloridos do lado direito).

Observar a inscrição “Permanente Pedreira Roça Nova”.

Nessa época muitos GFC já se encontravam cativos da via permanente. Acervo APFMF Curitiba. 

Para essa pintura recomendamos tanto o modelo original, 1957 quanto o modelo modernizado, 1970s. Cabe ao modelista analisar caso a caso o vagão que quer modelar.

Versão RFFSA “Fase 2” (1997-1997)

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GFC ostentando a última identidade visual da RFFSA, com o logo antes da sigla, foto em 1998. Acervo ABPF-PR. 

Para essa pintura recomendamos tanto o modelo original, 1957 quanto o modelo modernizado, 1970s. Cabe ao modelista analisar caso a caso o vagão que quer modelar.

Estrada de Ferro Madeira - Mamoré.

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Para essa pintura recomendamos o modelo original, 1957. Col. Davi Boçon. 

Existe ainda ao menos uma GFC na EFMM, em Porto Velho/RO. Ainda não nos foi possível determinar se é uma compra própria da EFMM ou se é transferido de alguma regional da RFFSA pelo DNEF.

Como demonstrado acima,  as gondolas GFC circularam por grande parte da malha de bitola métrica do país durante a era estatal. Sua estrutura, bem como seus engates “Alliance #2” e aparelho de choque e tração “Peerless” foram se tornando fracos e apresentando trincas pelo uso em trens mais longos e pesados, tendo algumas GFC recebido engates “Full size” ou outras modernizações.  Anos de uso, aliados à compra de vagões maiores e mais modernos relegaram as GFC a serviços secundários, tendo algumas GFC’s sido escaladas para uma segunda vida, principalmente nos anos iniciais da América Latina Logística, destinadas a linhas de menor capacidade em trens de torete.

Pós Privatização

América Latina Logística

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GFC da ALL em 2010, já adaptado para o transporte de toretes, apresentando engates full-size e truques ride control rolamentados. Foto: Jean Carlos Kuester. 

Cargas

Em um vagão aberto como o GFC, é sempre importante pensar também na carga. Nós não temos como colocar fotos de toda as cargas que esse vagão eventualmente transportou, ficando portanto apenas alguns exemplos de cargas, amarrações e organização. 

Toretes

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Foto Alfredo Rodrigues.

Sucata

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Material de descarte de via permanente.

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Foto Daniel K Trevisan.

Areia para uso interno da ferrovia.

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Foto A. Fressatto. 

Máquinas lonadas pela FSA/ALL em 1999. 

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Calcáreo como EFS em Votorantim/SP

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Crop de foto de Paulo Modé.

Aparas metálicas de estamparia.

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Foto de Anuário da Fepasa.

Lastro Fepasa em Presidente Altino

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foto de Wanderley Paulini. (Fepasa)

Lastro pela RFFSA em Morretes

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Crop de foto da Secretaria de Comunicação Social-5 da RFFSA

As Gondolas Drop Bottom da Marumbi Modelismo apresentam:

  • Projeto realizado sobre os desenhos mecânicos originais dos fabricantes e de medidas tomadas em campo.

  • Interior e chassis fieis, completamente detalhados

  • Caixa de engate plug-n’-play para kadee “scale” #158 ou #153

  • Truques que aceitam rodeiros Locohobbies, Intermountain, Kadee ou qualquer outro NMRA. 

  • Decais precisos desenhados sobre fotos e projetos gráficos das tipologias originais.

  • Diversos números por pintura. 

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